terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Fraturas da Clavícula


As fraturas da clavícula são muito frequentes na prática diária de qualquer ortopedista e traumatologista e também de médicos que trabalham em emergências, deixando as pessoas angustiadas porque "o médico nem engessou, nem imobilizou", dando a falsa impressão que não foi corretamente tratada.
A causa mais comum da fratura da clavícula no adulto e nas crianças maiores é uma queda sobre o ombro, geralmente produzindo uma fratura no terço médio (bem no meio) da clavícula. Às vezes pode ocorrer uma fratura no terço lateral (perto do ombro), sendo que o tratamento muda conforme a localização da fratura, o desvio, o encurtamento e conforme a idade da pessoa fraturada.

Fraturas no Terço Médio em Adultos e Jovens:
São as mais frequentes, causando uma deformidade visível e dor ao simples movimento do braço ou do pescoço, deixando a pessoa apreensiva com os estalos até ao inspirar, o paciente acha que não vai colar, que vai perfurar a pele, que vai ter que operar. Pior fica a situação quando o técnico em Rx ou um médico não habituado a ver essas fraturas no Rx dizem que "está muito feio, acho que vai ter que operar". As pessoas já nos procuram bastante assustadas.
A maioria destas fraturas cursa com o deslocamento do fragmento medial (do lado do pescoço) para cima devido a tração dos músculos do pescoço, e com o deslocamento do fragmento lateral (do lado do ombro) para baixo pelo peso do braço. Este deslocamento gera uma imagem no Rx(como mostrado acima) de separação que parece ser impossível de consolidar, mas não é bem assim.
Hoje os ortopedistas operam mais as fraturas da clavícula visando um retorno mais rápido ao esporte ou às atividades diárias, mas regra geral as fraturas da clavícula candidatas à cirurgia são aquelas em que após um longo período de tratamento (geralmente 2 ou mais meses) não se observa formação de calo ósseo, aquelas em que o fragmento medial perfura a pele no momento do trauma ou no decorrer do tratamento, aquelas em que um terceiro fragmento central gira e perfura a pele, fraturas com muito afastamento dos fragmentos (pode ter interposição de tecido muscular) e aquelas em que os fragmentos se cruzam com um "cavalgamento" gerando um encurtamento da clavícula de mais de 2 centímetros.
Nos demais casos, que são 90%, o tratamento conservador, sem cirurgia, é eficaz, geralmente colando em 2 meses, com liberação para as atividades plenas aos 3 meses, dependendo dos controles radiológicos.
Usamos como imobilização uma TIPÓIA-VELPEAU ou uma imobilização TIPO OITO OU X POSTERIOR PARA CLAVÍCULA, que pode ser feita pelo ortopedista ou ser adquirida em lojas de produtos ortopédicos, que são bem melhores.
Geralmente em 1 a 2 semanas a dor e a crepitação sentida desaparecem, a pessoa se tranquiliza, principalmente se o ortopedista explicar que o calo ósseo fica saliente pois a clavícula fica praticamente sob a pele, e apesar de diminuir com o tempo, só desaparece nas crianças devido ao crescimento com remodelação. Operar por motivo estético não vale a pena na minha opinião pois a cicatriz neste local pode ser ruim e um pino ou placa também ficará saliente sob a pele, muitas vezes incomodando e necessitando nova cirurgia para remoção.
Então fique tranquilo. Em breve falarei nas fraturas da clavícula em crianças pequenas e nas fraturas do terço lateral.