segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Dores no Pescoço

As dores no pescoço, também chamadas de dores cervicais ou cervicalgias, são muito comuns no atendimento do ortopedista, e até do médico generalista. São mais vistas nos adultos jovens, muito relacionadas ao tipo de atividade e à má postura.
A cervicalgia geralmente atinge a parte de trás do pescoço, a metade posterior da cabeça, até mesmo irradiaando para um ou os dois braços, sendo chamada de "cervicobraquialgia". Pode ser acompanhada de tontura, zumbido, formigamento na mão ou em todo o braço. É bastante frequente atender-se uma pessoa fazendo tratamento para "labirintite" quando a tontura é causada a realidade pela coluna cervical.
As causas da cervicalgia são, mais frequentemente, a má postura (atividades com os braços elevados, com a cabeça muito abaixada, dormir de bruços), o sedentarismo e atividades nocivas à coluna (carregar peso sobre a cabeça, como sacos); podem levar a uma simples contratura da musculatura cervical (endurecimento muscular doloroso) e até a hérnias de disco cervicais, causas da irradiação das dores para os braços acompanhadas de choques, formigamento, perda de força.
A investigação vai desde Rx (verificando a existência de alterações ósseas como artrose) até a Ressonância Magnética (para estudar os discos cervicais).
O tratamento visa alívio da dor (analgésicos e anti-inflamatórios) sendo que o uso de anti-inflamatório não deve ser longo; relaxamento muscular (com medicamento, alongamento e fisioterapia); e orientação postural.
Não esqueça que para convivermos com uma coluna saudável, não podemos submetê-la a tarefas em posições extremas (em má posição), e devemos manter a musculatura bem tonificada para resistirmos às atividades cotidianas.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Fraturas por Estresse

Fraturas por estresse são lesões relativamente comuns no consultório do ortopedista, embora bastante desconhecidas da população em geral. O estresse a que me refiro não é o estresse "emocional", e sim à fadiga da estrutura óssea levando-a a fratura, por isso chamada de FRATURA POR ESTRESSE.
A fadiga da estrutura óssea ocorre por uma sobrecarga causada por alguns fatores, sendo os mais vistos:
-início, mudança ou aumento de uma atividade física há pouco tempo;
-esta atividade é exagerada, ou repetida com muita frequencia;
É mais encontrada em atletas, sendo a tíbia (osso maior da perna) o osso mais acometido, seguido dos metatarsos (ossos do pé),e fíbula (osso menor da perna), além de outros menos frequentes. A taxa de fraturas por estresse gira em torno de 10% das fraturas em atletas.
Os esportes mais ligados às fraturas por estresse são corrida e vôlei, mas as atividades como caminhadas longas e frequentes também são causadoras destas lesões, tanto que a fratura por estresse é também conhecida como FRATURA DO MARCHADOR, uma vez que foi primeiro detectada em militares com dores persistentes nos pés já em 1855.
A falta de condicionamento físico, a má nutrição, deficiencias hormonais, baixa ingesta de cálcio (nas mulheres após a menopausa) predispõe à esta lesão. Sabe-se que uma musculatura bem preparada ajuda na absorção do impacto, diminuindo a tensão no osso, assim como calçados com amortecedores ajudam de uma maneira similar. O terreno em que a pessoa corre ou caminha também influencia, pois terrenos muito duros transmitem um impacto maior nas estruturas osteomusculares.
O diagnóstico é feito pelo relato do paciente, que refere dor relativamente repentina que vai piorando com a atividade, melhorando com o repouso. Geralmente o quadro clínico instala-se entre 2 a 6 semanas.
Os Rx não costumam revelar a lesão, apenas em fases mais tardias, por isso os exames mais usados são a CINTILOGRAFIA e a RESSONÂNCIA MAGNÉTICA.
O tratamento mais importante é a prevenção, através do planejamento adequado da atividade, equipamento correto, sem carga excessiva,sem repetição exagerada,e com orientação correta.
Quando diagnosticada a fratura por estresse, o atleta-paciente é orientado a retirar a carga no membro afetado por 6 semanas, com ou sem imobilização dependendo da dor, através do uso de muletas. Após estas 6 semanas de repouso relativo, reavalia-se e uma vez assintomático inicia-se um planejamento para recondicioná-lo fisicamente para que possa retornar progressivamente à atividade física escolhida, corrigindo, é claro, as eventuais falhas na sua prática esportiva que possam ter causado a lesão. O retorno ao esporte inicia com 50% da carga, levando em torno de 12 semanas para atingir o nível máximo.
Raramente uma fratura por estresse necessita correção através de cirurgia.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Bursite no Ombro

O ombro é uma fonte frequente de dor, especialmente relacionada a atividades de repetição, sobretudo hoje com o hábito de se usar o computador não só no trabalho, mas também nas horas de folga, navegando na internet.
A causa da dor pode ser devida à popular BURSITE, embora tecnicamente não seja a definição mais correta para a dor no ombro porque a bursite, que é uma inflamação na bursa (bolsa protetora contra o atrito) do ombro, é uma componente de um processo doloroso desta articulação, chamado de SÍNDROME DO IMPACTO.
A Síndrome do Impacto é o conjunto de sintomas no ombro caracterizado por dor à elevação do braço, dor que aumenta de intensidade à noite, mesmo em repouso, estalos e perda de força no braço pela dor, principalmente em atividades com a mão acima da altura do pescoço, ou com os braços sem apoio. Atividades como tricotar, costurar, pendurar roupas em varal alto e todas as atividades com os braços no ar desencadeiam a dor, explicada pela anatomia óssea, ligamentar e tendinosa do ombro.
O úmero (osso do braço) trabalha sob o acrômio (osso que dá o formato do ombro) e sob o acrômio fica uma bursa responsável pela proteção dos tendões que levantam o braço. Ao elevarmos o braço com a mão numa altura acima do nível do pescoço, pode haver compressão da bolsa entre o úmero e o acrômio, causando a bursite, bem como dos tendões elevadores do braço, podendo até lesá-los, causando tendinite, ruptura parcial ou total dos mesmos.
Os exames mais usados para avaliarmos um ombro doloroso são o Rx, a ecografia e, no caso de suspeitarmos de ruptura de tendões, a Ressonância Magnética.
O tratamento a princípio é com medicação, atenção às atividades com o braço elevado procurando evitá-las, apoiar o braço nas atividades manuais, baixar a corda do varal, associando-se a fisioterapia caso o alívio não venha, e até a cirurgia no caso de ruptura dos tendões.
A cirurgia pode ser indicada mesmo sem ruptura de tendões, nos casos de dor sem alívio e com o Rx revelando um espaço entre o úmero e o acrômio muito estreito, estando indicada a acromioplastia do ombro.
Um ortopedista saberá o momento certo de indicar este procedimento.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Dores Ósseas

O título pode parecer estranho, "dores ósseas", mas ocorre que no consultório atendo com muita frequência pessoas relatando sofrer de dores nos ossos, buscando uma medicação para aliviar estas dores. No entanto, osso não dói, pois não existem terminações nervosas na estrutura óssea. Quando fraturamos um osso, rompe-se uma membrana de revestimento do osso chamada de periósteo, rica em terminações nervosas, daí a dor. É claro que a dor também ocorre nas outras estruturas que cobrem o osso, como músculo e pele.
Quando uma pessoa relata dor no joelho, por exemplo, pode tratar-se de uma artrite (desgaste na cartilagem), uma sinovite (processo inflamatório na cápsula de revestimento da articulação), mas não é o osso que dói. Numa queixa de dor no ombro, pensamos primeiramente em tendinite, bursite, artrite, que são as causas mais comuns de dor nessa região.
E quando atendemos alguém com dor em toda a coluna achando que suas vértebras estão comprometidas e ao vermos a radiografia, o aspecto dos ossos está normal para a faixa etária desta pessoa, como é difícil explicar que a dor na coluna não é óssea. Ela ocorre mais nas articulações entre as vértebras, nos discos eventualmente com processo degenerativo, nos ligamentos que unem as vértebras, e mais comumente nos músculos. Os pacientes ficam com um ar de desconfiança quando digo que com as atividades diárias (varrer, limpar, levantar peso, como exemplos) sobrecarregamos principalmente a musculatura da coluna, que é muito exigida em atividades com postura incorreta.
Recebo muitas pessoas achando que suas dores podem ser decorrentes de osteoporose, e como explicado nos textos sobre osteoporose, aqui nesta página, esta não provoca sintomas, exceto em fraturas, e naqueles casos muito avançados, geralmente em pessoas de idade bastante avançada, em que ocorrem as "microfraturas" nas vértebras, causando uma deformidade na coluna.
Concluindo, quando você achar que está com problemas nos ossos, procure seu ortopedista que irá investigar e tratar o problema base, mas você poderá prevenir os problemas ortopédicos com 3 atitudes muito simples:
- Manter seu peso adequado à sua altura;
- Ter cuidados com sua postura;
- Praticar exercícios físicos regularmente.
Em caso de dúvida, comente para que eu possa esclarecê-las.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Traumatologia e Esporte - Lesões Musculares

As lesões musculares são bastante comuns a quem pratica esportes, mesmo aqueles menos vigorosos. Geralmente ocorrem no início (músculos não aquecidos) ou no fim do treino ou jogo. Devemos sempre fazer aquecimento antes do treino, alongando as fibras musculares. Ao final da atividade física, o alongamento também é importante.
Podemos dividi-las em lesões de pequeno porte ou grau 1, lesões moderadas, grau 2, até as lesões mais importantes, ou grau 3, que são as lacerações musculares.
Nas lesões de grau 1 temos mais comumente as contusões, decorrentes de trauma direto, em que o músculo é atingido por uma pancada, em que a pessoa fica com o membro afetado inchado, com dor ao movimento. As lesões intermediárias, de grau 2, são estiramentos em que a fibra muscular é distendida no seu limite máximo, causando hematoma no interior do músculo, além do edema e da dor. E nas lesões de maior dano ao músculo, chamadas de grau 3, temos a ruptura da fibra muscular, com o aparecimento de grande hematoma no membro acometido, ficando com coloração roxa, chegando ao ponto de, ao cicatrizar a lesão, notarmos uma falha na superfície do membro afetado, sendo estas lesões muitas vezes de tratamento cirúrgico.
Devemos sempre aplicar gelo no local, em torno de 30 minutos a cada 2 horas, nas primeiras horas, mantendo com menor frequencia nas primeiras 24 a 48 horas, com o objetivo de aliviar a dor e impedir um edema (inchaço) muito grande, que pode dificultar o movimento e a circulação da parte afetada. Após o período de 24 a 48 horas, pode-se aplicar calor local, colaborando para o relaxamento muscular e para a reabsorção do edema e de algum hematoma que porventura tenha se estabelecido. O repouso e a imobilização da parte afetada são importantes somente no início. O uso de analgésicos, anti-inflamatórios na fase inicial, e da elevação do membro afetado são também de grande valia. Associa-se, alguns dias depois da diminuição dos sintomas, o retorno gradativo ao movimento, evitando atrofia e retração muscular. Ligas de neoprene dão conforto facilitando o retorno da mobilidade com menor desconforto, podendo ser usadas se toleradas pelo esportista.
Normalmente as contusões recuperam bem, em 7 a 10 dias a pessoa já pode retornar ao esporte. Os estiramentos já demoram de 14 a 21 dias para a cicatrização, mas a recuperação completa leva em torno de 6 semanas. Quanto às rupturas musculares, mesmo que não precisem operar, necessitam de mais cuidado, podendo necessitar de fisioterapia para auxiliar na readaptação das fibras musculares à atividade física.
O retorno ao esporte deve ser gradativo, sem forçar a musculatura, aumentando o treinamento aos poucos, se não surgir dor ao alongar ou aquecer.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Osteoporose 3

Já relatei nas postagens anteriores que o primeiro sintoma da osteoporose é, na maioria das vezes, uma fratura por trauma leve. As fraturas mais frequentes nas pessoas com osteoporose são as da coluna vertebral, do quadril (as fraturas do colo do femur e transtrocanterianas) e do punho. Menos frequentes, mas vistas rotineiramente no consultório são as do tornozelo, muitas vezes por entorses leves.
Ao contrário do que se pensa, a pessoa com osteoporose consolida a fratura normalmente, apenas a qualidade do calo ósseo final é que mantém o padrão da massa óssea inicial, isto é, com menor densidade. Isso significa que uma fratura de punho, por exemplo, leva o mesmo tempo para consolidar em um adulto com osteoporose.
Sempre que atendemos alguém com fratura e com perfil característico de baixa massa óssea, devemos recomendar a suplementação do cálcio, seja na dieta ou acrescentando medicamentos com cálcio e vitamina D. Dependendo do resultado da densitometria óssea, podemos acrescentar um medicamento que aumenta a massa óssea, do grupo dos bifosfonados, em que o mais usado é o alendronato. Pessoas com problemas gastrointestinais devem evitá-lo, pelo risco de lesão da mucosa gástrica, podendo provocar úlceras.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Osteoporose 2

Na primeira postagem fiz um apanhado geral da osteoporose. Acrescentarei ainda nas postagens deste mês mais algumas informações sobre o assunto, desta maneira creio que fica menos cansativo para quem acessa essa página.
Existem pessoas com mais chances de desenvolver a osteoporose, e os fatores de risco mais comuns vistos no consultório são:
-mulheres de raça branca;
-abuso de bebidas com álcool;
-fumantes;
-pessoas sedentárias, sem nenhuma atividade física;
-pouca ingestão de cálcio na dieta;
-dieta com ingesta excessiva de fibras;
-pessoas que usam corticóide (medicamento hormonal usado para reumatismo, asma, por exemplo) por muito tempo;
-uso de medicamentos para convulsão, antiácidos, heparina (medicamento usado para pessoas com risco de trombose, é um anticoagulante);
-pessoas com problemas na tireóide, com diabetes, com doenças das glândulas paratireóides ( estas glândulas ficam atrás da tireóide, geralmente 4 a 8 glândulas, que produzem um hormônio, o PTH, que altera a massa óssea).
A menopausa cirúrgica, precoce, devido a cirurgia de retirada de útero, ovários, também é uma causa frequente de osteoporose.
As pessoas que apresentam estes fatores de risco já devem ser investigadas pelo ortopedista, que provavelmente solicitará a Densitometria Óssea.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Osteoporose

A osteoporose é uma doença caracterizada pela perda da massa óssea, com maior facilidade para a ocorrência de fraturas. A causa mais comum é a perda do cálcio, que dá a dureza ao osso, ocorrendo mais nas mulheres após a menopausa.
O sintoma mais presente é a fratura por uma queda ou trauma leve, quando descobre-se a presença do problema. Normalmente a osteoporose não causa dor, exceto nas fraturas e nos casos em que há dor na coluna devido a microfraturas causadas pela excessiva perda de cálcio nesse local, quando a pessoa, geralmente de idade mais avançada, procura o ortopedista queixando-se de dor no "meio das costas".
A mulher após a menopausa deve realizar o exame de DENSITOMETRIA ÓSSEA, para identificar o início do problema e assim providenciar o tratamento ou prevenção com seu ortopedista.
O tratamento visa reforçar a massa óssea com a suplementação de cálcio, vitamina D e as vezes com o uso de substâncias que reforçam a massa óssea ajudando na absorção do cálcio.
A prevenção, muito importante, é feita pela pessoa e familiares, abolindo em sua residência o uso de tapetes, chão escorregadio, calçados sem aderência, usando barras para apoio no box do banheiro, praticando exercício (pelo menos caminhada) e tomar sol pela manhã ou a tardinha.