O tendão calcâneo, conhecido como tendão de Aquiles, é a estrutura tendinosa formada na parte posterior da perna, pela união da fáscia (cobertura) dos músculos da panturrilha, inserindo-se na parte posterior e superior do osso do calcanhar. É responsável pelo movimento de impulso da marcha, ficar na ponta dos pés, saltar, e é muito exigido em corridas e "arrancadas".
Entre as idades de 30 a 50 anos, é muito comum sua ruptura aguda, principalmente em homens, esportistas amadores, que praticam esporte irregularmente, mais comum ainda naqueles que estão acima do peso ideal para a prática do esporte escolhido. O futebol, especialmente o futsal, pelas arrancadas abruptas, é o esporte em que mais atendo pessoas com ruptura aguda do tendão calcâneo.
Mas já atendi, por exemplo, homem com 50 anos que rompeu o tendão ao dar um pequeno salto.
O sintoma mais comum é a sensação de pancada na parte posterior da perna ao correr ou arrancar, muitos descrevem como uma "pedrada". Algumas pessoas ainda discutem injustamente com seu companheiro de esporte achando que o mesmo o acertou por trás, mas os colegas acabam testemunhando não ter ocorrido tal fato. Logo a seguir acaba aparecendo o edema (inchume) na perna, hematoma, e incapacidade para dar o passo normal, com ou sem dor importante, e a pessoa não consegue apoiar-se na ponta do pé.
O diagnóstico é clínico, palpando-se a falha no tendão, e não existindo movimento no pé ao apertarmos a panturrilha. Usamos às vezes a ecografia para confirmar se a ruptura é total ou parcial. A Ressonância Magnética raras vezes se faz necessária.
O tratamento é inicialmente feito com o intuito de aliviar a dor, diminuir o edema e a resposta inflamatória, através da imobilização, elevação do pé (não apoiando), gelo e anti-inflamatório por curto período (máximo 5 dias).
A seguir, já de posse da ecografia, decide-se o tratamento definitivo, que pode ser uso de gesso em rupturas parciais, durante 6 a 12 semanas, sendo que nas primeiras 3 semanas posicionando o pé um pouco em flexão para não tensionar o tendão, permitindo o apoio com o gesso com salto. Após a retirada do gesso inicia-se a fisioterapia, com alongamento, fortalecimento da musculatura da panturrilha.
Nas rupturas totais, aconselho a reconstrução cirúrgica do tendão (tenorrafia) uma vez que a cicatrização, mesmo que ocorra com o uso de gesso, tem alto índice de nova s rupturas, o que não ocorre quando o tratamento é cirúrgico.
Na cirurgia, a tenorrafia simples é eficaz nos casos recentes, mas naquelas pessoas que ficam muitos dias sem tratamento, pode ser necessário o reforço do tendão além da tenorrafia (usa-se um dos tendões vizinhos ou o rebatimento da fáscia da panturrilha), prolongando o ato operatório, mas com excelentes resultados, raramente ocorrendo nova ruptura no tendão operado.
Mas o mais importante é prevenir, entrar em forma para depois praticar o esporte, e não o contrário.
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