Os dois traumas mais vistos são as fraturas da clavícula e a paralisia obstétrica, ambos podendo ocorrer devido às dificuldades acima citadas, quando no parto normal principalmente, nasce a cabeça do bebê e o ombro fica trancado na pelve da mãe, ou também em partos pélvicos onde sai primeiro o tronco do bebê.
As manobras necessárias para destrancar o bebê podem causar uma destas lesões, sendo que uma cursa sem complicações enquanto a outra pode ser grave e deixar sequelas.
A previsão de um bebê maior que a pelve da mãe podendo causar dificuldades no parto devem alertar a equipe de obstetrícia, que indicarão o parto cirúrgico.
Fraturas da Clavícula:
Causadas ao destrancar o bebê, podendo ser acidentais ou até propositais, para permitir a saída do bebê sem lesar estruturas mais importantes do pescoço ou do braço do recém nascido, consolidam entre 7 e 10 dias, bastando manter o braço da criança fixo ao lado do corpo. Se foi acidental, a mãe notará um pequeno aumento de volume na clavícula e a criança chorando ao manejar o braço do lado da fratura, seja no banho ou ao trocar a roupa do bebê. Quando a fratura foi provocada no parto como "recurso" salvador, o obstetra avisa a mãe e o pediatra, e os cuidados corretos são tomados de imediato.
Os pais tendem a ficar aborrecidos ao saberem da fratura no seu bebê quando na verdade pode ser uma bênção, como mostrarei a seguir.
Paralisia Obstétrica:
É a lesão do plexo braquial, grupo de nervos que emergem da coluna cervical e distribuem-se pelo braço levando o comando motor para os músculos do braço e dando a sensibilidade para o membro superior.
Aquele parto difícil, onde a saída do bebê da pelve da mãe cursa com tração excessiva do pescoço ao invés de quebrar a clavícula poderá estirar estes nervos ou até rompê-los, levando à consequências desastrosas. A fratura da clavícula torna mais fácil a saída do recém nascido, podendo não ocorrer a lesão do plexo braquial, mas em casos de bebês muito maiores que a pelve da mãe pode acontecer a lesão do plexo braquial mesmo assim.
A paralisia obstétrica pode ser diagnosticada até no berçário, ou nos primeiros dias de vida, quando a mãe ou familiares percebem que o bebê não movimenta um dos braços e este tende a permanecer em posição esticada ao lado do corpo e rodado internamente, com a palma da mão para trás. O pediatra se não tiver certeza poderá pedir ajuda de um ortopedista, que notando a falta de reação no membro acometido e não havendo fratura da clavícula, fará o diagnóstico. Quanto à gravidade , a paralisia obstétrica pode ser leve e a mobilidade recuperada aos poucos dentro do primeiro ano, mas também pode ser grave e permanecer a falta de movimento do braço ou parte dele. O tratamento vai desde fisioterapia diária para evitar postura fixa do braço do bebê até a necessidade de cirurgias complicadas para minimizar sequelas.
De um modo geral quando notarmos contração do músculo deltóide (ombro) e do braquial (braço) dentro dos primeiros meses, a possibilidade de recuperação existe. A criança deve ser acompanhada por ortopedista, neurologista e fisioterapeuta.