quarta-feira, 20 de abril de 2011

Dor no Quadril da Criança - Doença de Legg-Calvé-Perthes

Uma das 3 causas de dor no quadril da criança citadas por mim em postagens anteriores, a doença de Legg-Calvé-Perthes é uma alteração circulatória da cabeça do fêmur em crescimento, de causa ainda não esclarecida, que acomete crianças dos 2 aos 12 anos, mais em meninos, e que pode levar a sérios danos no quadril com desgaste prematuro, marcha alterada e dolorosa, e encurtamento do membro inferior afetado.
Os sintomas são semelhantes aos descritos na sinovite transitória e na epifisiólise (em postagem anteriores) com dor, claudicação (mancar), perna encolhida para aliviar a dor.
O diagnóstico pode ser feito por Rx, onde vemos alteração da parte superior e lateral da cabeça do fêmur, causada por falta de aporte sanguíneo necrosando o osso. É uma alteração limitada, pois a circulação retorna algum tempo depois (de alguns meses a 2 anos), e a preocupação maior do ortopedista é que, enquanto não ocorre a cura desta necrose a cabeça do fêmur achata-se ficando deformada e incongruente com a articulação do quadril levando a dor e desgaste prematuro.
O tratamento visa evitar a deformidade da cabeça do fêmur (tirando apoio) e em casos que restaram com alguma incongruência, tentar através de cirurgia(s), melhorar a relação da cabeça com o acetábulo (nome do encaixe do quadril com o fêmur). Há cirurgias no quadril que além de melhorar essa relação com a cabeça, têm o objetivo de acelerar a cura pelo chamado "efeito biológico", onde a cirurgia causa uma reação do organismo melhorando o aporte de sangue para a região.
Aos pais, atenção na criança que manca, levem ao ortopedista o mais cedo possível, nem sempre a causa será "dor do crescimento".

terça-feira, 12 de abril de 2011

Dor no Quadril da Criança - Epifisiólise Proximal do Fêmur













Agora continuarei explicando sobre as dores no quadril das crianças. Já falei na sinovite transitória do quadril, agora falarei sobre a epifisiólise proximal do fêmur, para dar uma noção aos leitores deste blog. Existe na parte proximal (superior) do fêmur da criança uma placa ou epífise de crescimento que divide -na radiografia- a cabeça do fêmur. Esta placa se fecha na maturidade esquelética, mas até os 16, 17 anos está aberta, sendo responsável por uma parte do crescimento do fêmur. Entre 11 e 14 anos, pode haver um deslizamento desta placa, não se sabe porquê (existem teorias hormonais, genéticas, enfraquecimento da placa epifisária) causando uma deformidade no quadril afetado com dor e alteração da marcha da criança. Sabe-se que as crianças mais afetadas estão ao redor de 12 anos, sendo as crianças obesas maioria, quem sabe corroborando com a teoria hormonal. O que importa para os pais é saber que a criança começa com uma dor ao redor do quadril e/ou joelho, tende a ficar com a perna encolhida, "mancando". No Rx vemos a cabeça iniciando seu deslizamento (colocarei uma figura ao lado do texto a direita), sendo que nas primeiras radiografias pode não aparecer alteração. Aí é que entra o ortopedista experiente, que desconfia e orienta os pais a trazerem o filho para novo Rx se não aliviar o sintoma doloroso, explicando a possibilidade de haver este problema. Ao contrário da sinovite transitória, a epifisiólise é de tratamento cirúrgico, necessitando de fixação da cabeça do fêmur, cirurgia esta feita de maneira rápida com uma pequena incisão lateral no quadril. A placa epifisária é fixada no local, mesmo já deslizada, aguardando o final do crescimento para "remodelar". Se não fixada, a deformidade resultante pode ser grave causando artrose (desgaste) prematuro da articulação do quadril. Há ortopedistas que defendem fixar o outro quadril, mesmo sem estar afetado, para prevenir um futuro deslizamento. Isto é decidido conversando com os pais da criança. Em uma futura postagem falarei sobre a outra causa de dor no quadril da criança. Até lá.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Dor no Quadril da Criança - Sinovite Transitória do Quadril

A Sinovite Transitória do Quadril é uma das 3 mais vistas em crianças no consultório, geralmente mais aos 6 anos (dos 3 aos 8 anos) de idade e, felizmente, além de ser a mais comum, é a alteração que não deixa sequelas. A sua importância reside no fato de causar, enquanto ativa, bastante dor e limitação nos movimentos do membro inferior afetado, e na diferenciação que o ortopedista tem que fazer com doenças mais graves, como doença de Legg-Perthes, artrite séptica, artrite reumatóide, febre reumática e outras.
A duração dos sintomas é limitada, resolvendo-se geralmente em 7 a 14 dias, mesmo sem tratamento. Geralmente o ortopedista receita um anti-inflamatório não esteróide para alívio dos sintomas.
A criança relata dor no quadril, coxa ou joelho, dificuldade para movimentar a perna afetada, que fica mais encolhida, pois é a posição de conforto das articulações. Há muitas vezes relação com uma virose (gripe, resfriado por exemplo), reação alérgica ou trauma, mas a causa exata ainda é desconhecida.
O quadril dói porque a reação chamada sinovite, causa derrame na articulação do quadril, e os exames de sangue e radiografias não mostram alteraçõe significativas.
Como falei, felizmente a cura é espontânea, não deixando sequelas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Dor no Quadril da Criança

É bastante comum no consultório do ortopedista a queixa de dor no quadril da criança. É um assunto muito importante, pois apesar de na maior parte dos casos tratar-se de uma dor temporária, há casos em que pode estar escondido atrás desta dor um sério problema podendo deixar sequelas graves para a criança.
As doenças que mais afetam o quadril das crianças são a "Sinovite Transitória do Quadril", a "Doença de Legg-Calvé-Perthes" e a "Epifisiólise Proximal do Femur", sendo que todas elas começam de modo semelhante, com poucas alterações, mas uma delas cura relativamente rápido, sem sequelas, e as duas últimas podem deixar o quadril alterado seriamente, causando problemas para o futuro. Falarei separadamente de cada uma delas em novas postagens, porque hoje o que quero é deixar salientada a importância de ficar atento a esta queixa.
O sintoma predominante é a criança ou responsável relatar dor ao caminhar, ao esticar a perna, levando a mão sobre o quadril ou o joelho. A dor do quadril costuma refletir-se no joelho do mesmo lado, por isto quando o ortopedista recebe uma criança com dor no joelho, examina (sempre) também o quadril. Os familiares contam que a criança começou a mancar há poucos dias, ficando em repouso com a perna levemente encolhida, com o quadril e joelho um pouco fletidos, evitando caminhar. Os pais muitas vezes achando que pode tratar-se de "dor do crescimento" ou de algum excesso no caso de crianças mais ativas, aguardam.
Quando seu filho(a) ou familiar relatar uma história semelhante, não espere muito, leve ao seu ortopedista! Vocês entenderão o porque nas próximas postagens.